Biologia

Filo annelida – características, classificação, importância

Você seria capaz de identificar, apenas observando as fotografias e analisando o nome desse grupo, ao menos uma característica que não os colocaria entre os nematelmintos? Confirme a sua resposta depois de ler as próximas páginas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ANELÍDEOS

Os anelídeos (do latim anneltus = anel) são vermes cilíndricos que apresentam o corpo dividido em anéis. Cada um dos anéis é chamado de segmento. Essa segmentação do corpo é a principal novidade evolutiva do grupo.

Os anelídeos podem viver em ambientes aquáticos de água doce como rios lagos e charcos, ambientes marinhos e ambientes terrestres úmidos.

Minhocas

As minhocas vivem em ambientes de água doce ou em solos úmidos onde cavam túneis. Há espécies pequenas, como a Marionina eleonorae, que tem cerca de 1 mm de comprimento, até a minhocuçu brasileira (Rhinodriius fafneri), que chega a 2 m de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Esta espécie de minhocuçu está ameaçada de extinção.

O sistema digestório das minhocas, como o de todos os anelídeos, é completo, com boca, faringe, moela, intestino e ânus. Esses animais se alimentam principalmente de microrganismos e vegetais em decomposição. 0 alimento ingerido pela boca passa pela faringe e é triturado na moela. A parte do alimento que não é digerida é eliminada pelo ânus.

sistema circulatório apresenta corações laterais ligados a vasos sanguíneos localizados ao longo do corpo, tanto na face dorsal como na face ventral.

As minhocas não apresentam sistema respiratório, ou seja, as trocas gasosas ocorrem pela pele. O gás oxigênio se dissolve no sangue e é transportado por uma proteína chamada hemoglobina, de cor avermelhada.

sistema nervoso das minhocas, e de uma maneira geral de todos os anelídeos, é bastante desenvolvido. Na região da cabeça, há uma grande concentração de células nervosas, formando os gânglios nervosos, que funcionam como um centro nervoso.

Você já viu como uma minhoca se locomove? Normalmente, ela alonga e encurta o corpo dentro dos túneis que cava no solo.

As minhocas esticam e contraem o corpo, com o auxílio das cerdas localizadas nas laterais do corpo. Essas cerdas são rígidas e ajudam o animal a se apoiar no solo e assim, com as contrações da musculatura do corpo, possibilitam a locomoção. As cerdas da minhoca estão localizadas no meio de cada um dos anéis que formam o corpo.

Na região anterior do corpo das minhocas, localiza-se o clitelo, uma região mais clara que envolve de 3 a 4 anéis, dependendo da espécie. Essa estrutura está relacionada com a reprodução desses animais.

As minhocas são animais hermafroditas. Na cópula. há transferência de gametas masculinos de uma minhoca para outra, ou seja, a fecundação é cruzada. Depois da cópula, é formado um casulo. Nesse casulo, ocorre a fecundação e a formação dos ovos. Com o tempo, o casulo migra em direção à região da boca até ser liberado completamente. Dentro dele, os ovos originarão pequenas minhocas.

PRINCIPAIS GRUPOS DE ANELÍDEOS

Os grupos mais conhecidos de anelídeos são as minhocas (oligoqueto), as sanguessugas (hirudíneo) e os poliquetos.

Oligoquetos

Os oligoquetos (do grego olígos= pouco; khaíte = cerdas) é o grupo das minhocas. Os indivíduos que pertencem a esse grupo têm poucas cerdas em seus anéis e não têm a região anterior diferenciada do resto do corpo,

Hirudíneos

Os hirudíneos são as sanguessugas. Esses animais são encontrados em ambientes aquáticos e terrestres úmidos. Seu corpo, com tamanho médio variando entre 0,5 cm e 30 cm, é achatado e apresenta uma ventosa em cada extremidade. Não apresentam cerdas no corpo. Assim como as minhocas, são hermafroditas.

A maioria das sanguessugas alimenta-se de sangue de vertebrados, mas há espécies que se alimentam do sangue de outros vermes quanto o corpo se estica para o alto e depois forma um arco para a direção onde quer se mover. Em seguida, prende a segunda ventosa e desprende a primeira enquanto contrai o corpo. As sanguessugas aquáticas são boas nadadoras.

Poliquetos

Os poliquetos (do grego polys = muitos) são anelídeos exclusivamente aquáticos e a maioria das espécies conhecidas é marinha. 0 corpo desses animais apresenta muitas cerdas e sua cabeça é diferenciada do resto do corpo.

Alguns poliquetos vivem rastejando pelo fundo do mar ou em praias sobre costões rochosos. Outros vivem em tubos, que eles mesmos constroem, no fundo do mar ou nas praias, na região entre marés.

Os poliquetos têm sexos separados.

Para se alimentar, os hirudíneos fixam-se no hospedeiro com uma ventosa e usam os dentículos da boca para perfurar sua pele. Após a fixação na presa, as sanguessugas eliminam a hirudina, uma substância que atua como anestésico e impede a coagulação do sangue da presa, possibilitando a sucção.

O deslocamento das sanguessugas se dá por um movimento conhecido como “mede-palmo”, similar ao que fazemos com as nossas mãos quando queremos medir uma distância em palmos. Uma das ventosas do animal se prende no substrato.

IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA E ECONÔMICA DOS ANELÍDEOS

Os anelídeos, além de desempenhar papel fundamental nas cadeias alimentares, são importantes na fertilização do solo e na medicina e podem atuar como bioindicadores.

Agricultura

Ao se alimentar, as minhocas engolem partículas do solo, de onde aproveitam a matéria orgânica e liberam os restos na forma de pequenas bolas (bolotas fecais). Essas bolotas, juntamente com a terra, formam um material chamado húmus de minhoca, rico em nutrientes (matéria orgânica e sais minerais), que contribui para o desenvolvimento das plantas. Assim, as fezes das minhocas constituem um adubo orgânico.

Misturado ao húmus, há também muitos ovos de minhoca. Dessa forma, ao utilizá-lo como adubo, estamos introduzindo mais minhocas no solo, beneficiando-o.

A movimentação das minhocas também permite a aeração e a entrada de água no solo, facilitando o cultivo da maioria das plantas.

As minhocas são usadas como isca de pesca e servem de matéria-prima para a produção de ração de animais.

Atuação como bioindicadores

A minhoca vermelha (gênero Tubifex) alimenta-se de material em decomposição e detritos no fundo de rios e lagos. Por isso, pode ser um bom bioindicador da poluição das águas: a grande quantidade de minhocas em rios e lagos indica grande concentração de matéria orgânica, proveniente muitas vezes de esgotos clandestinos ou irregulares.

Medicina

Até o século XIX, as sanguessugas foram muito usadas em uma técnica medicinal chamada sangria, que consiste na retirada de sangue de pacientes para tratamento de doenças. Recentemente, elas voltaram a ser opção de tratamento em casos de dificuldade de circulação do sangue em membros, com possibilidade de gangrena (morte do tecido).

As sanguessugas liberam hirudina, o que favorece a circulação local. A hirudina já vem sendo produzida em laboratório e utilizada durante processos cirúrgicos, nos quais o sangue não pode coagular. As sanguessugas também podem auxiliar na redução de hematomas, por exemplo, próximos a cicatrizes.

A sangria funciona?

A sangria foi muito utilizada, principalmente até o século XIX, pois se acreditava que esse procedimento eliminava as impurezas e os maus fluidos do sangue, considerados, na época, como agentes causadores de doenças. Hoje, sabemos que isso não é verdade. No entanto, em casos de hipertensão arterial (pressão alta), a sangria proporciona bem-estar, pois provoca a diminuição da pressão arterial do paciente.

Atualmente, a sangria terapêutica é utilizada nos casos em que o número de hemácias (glóbulos vermelhos) está aumentado ou em áreas sujeitas a coagulação e interrupção da circulação.

Resumo da aula Filo annelida – características, classificação, importância

  • As principais características dos anelídeos.
  • Os três principais grupos de anelídeos e suas características.
  • Aspectos relativos à importância ecológica e econômica dos anelídeos.
  • A sangria terapêutica e as sanguessugas.

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