A Terra tem formato quase esférico e tem aproximadamente 6370 km de raio, ou seja, essa é a distância aproximada da superfície ao centro da Terra.
Como as maiores perfurações já realizadas não ultrapassaram os 13 km de profundidade, o ser humano só teve acesso a uma pequena parte do planeta. Então, como é possível conhecer o que existe abaixo da superfície, a profundidades maiores?
Ao longo de décadas de observação e estudo das causas e consequências da atividade de vulcões. Terremotos e deslocamento de placas, geólogos e outros cientistas ligados aos estudos do interior da Terra criaram uma série de suposições sobre como deve ser sua estrutura interna.
O modelo atualmente usado para estudar a estrutura da Terra considera que ela é formada por um conjunto de camadas ou regiões com características diferentes.
Crosta terrestre
A camada mais superficial e fina do planeta Terra é chamada crosta terrestre. Só para ter uma ideia, se você usasse um ovo de galinha como modelo para representar a Terra, a crosta terrestre seria, proporcionalmente, mais fina do que a casca do ovo.
A crosta terrestre se estende por todo o planeta e sua espessura varia muito, tanto na parte continental como na oceânica. Nos oceanos, sua espessura média é de 10 km e na parte continental, 35 km, podendo chegar a 70 km nas áreas de cordilheiras. A massa da crosta terrestre representa aproximadamente 1% da massa total do planeta.
Manto
A camada localizada logo abaixo da crosta terrestre é chamada de manto e apresenta espessura média de 2900 km. No manto, as temperaturas variam entre 100 °C (próximo à crosta) e 3400 °C (próximo ao núcleo). Os materiais que formam o manto próximo à crosta são encontrados geralmente no estado sólido.
Na parte mais profunda do manto, devido às elevadas temperaturas, os materiais apresentam uma consistência pastosa. Esses materiais são formados por rochas derretidas e essa mistura é conhecida por magma.
Em determinadas situações, pode ocorrer a formação de uma fenda da crosta terrestre até câmaras de magma. Nesses casos, como a pressão nas câmaras é muito maior do que a pressão na superfície, o magma é “empurrado” para cima. Quando o magma chega à superfície terrestre, ele recebe o nome de fava.
Núcleo
A camada mais interna da Terra, conhecida como núcleo, tem aproximadamente 3500 km de raio e é formada principalmente por ferro e níquel. Essa região é submetida às maiores pressões e também é a que apresenta as temperaturas mais altas: aproximadamente 5000 °C. O núcleo pode ser dividido em duas partes:
- núcleo externo: com raio aproximado de 2250 km e com material no estado líquido.
- núcleo interno: com raio aproximado de 1250 km e com material no estado sólido.
A superfície da Terra
A parte mais externa da Terra pode ser dividida em regiões ou ambientes.
- Litosfera: camada formada pela crosta terrestre e a porção mais externa do manto. De consistência rochosa, constitui os continentes, o relevo submarino e as ilhas.
- Hidrosfera: formada pelas águas oceânicas e águas continentais, incluindo os depósitos subterrâneos.
- Atmosfera: camada de ar que cobre a Terra.
A superfície da Terra é a região onde ocorre o contato e o inter-relacionamento entre esses três ambientes, formando a biosfera. A biosfera é a região ocupada pelos seres vivos e corresponde ao conjunto de todos os biomas e ecossistemas do planeta.
A DINÂMICA DA TERRA
Planisfério: carta ou mapa que representa em um mesmo plano todo o globo terrestre.
Ao observar um planisfério, podemos imaginar os continentes como peças de um quebra-cabeça que poderiam se encaixar formando um único e gigantesco continente. Observe atentamente o mapa-múndi abaixo, especialmente o formato dos continentes, e veja como parece que eles podem se encaixar.
A teoria de um continente único, que ao longo do tempo teria se dividido em vários blocos, afastando-se uns dos outros, é conhecida por teoria da Deriva Continental.
Teoria da Deriva Continental
A teoria da Deriva Continental, proposta em 1912 pelo meteorologista alemão Alfred Wegener, admite que os continentes estariam em lento e constante movimento unindo-se e separando-se ao longo do tempo. Estima-se que há 225 milhões de anos formavam um único supercontinente chamado Pangeia (do grego, ‘‘todas as terras”) e um único oceano chamado Pantalassa (do grego, “todos os mares”). A partir daí, eles teriam se separado lentamente e formado os continentes atuais, passando por várias configurações intermediárias, como mostra a sequencia abaixo;
Estima-se que o afastamento dos continentes africano e sul-americano esteja ocorrendo de maneira contínua em cerca de 1 cm por ano.
A teoria de Deriva Continental está fundamentada pela existência de fósseis semelhantes de animais e plantas que existiram e foram encontrados em diferentes continentes. Outra evidência é o fato de encontrarem-se os mesmos tipos de rocha em continentes diferentes.
FÓSSEIS
Os fósseis são restos, vestígios, marcas e sinais deixados por seres que viveram no passado e ficaram preservados em rochas, em resinas vegetais ou no gelo.
Os fósseis fornecem importantes evidências nos estudos sobre a evolução biológica dos seres vivos e também nos estudos geológicos da região onde foram encontrados.
Um exemplo de como a existência de fósseis ajudou a confirmar a teoria da Deriva Continental são os fósseis de mesossauros, pequenos répteis marinhos do Paleozoico encontrados no Brasil, principalmente no interior de São Paulo. Esses fósseis também podem ser encontrados em rochas da mesma idade no continente africano, indicando uma possível ligação entre a África e a América do Sul há 280 milhões de anos.
A teoria da Deriva Continental foi reforçada, após a Segunda Guerra Mundial, com a descoberta de uma enorme cadeia de montanhas submarinas no Oceano Atlântico. Essa cordilheira foi formada pela saída e posterior resfriamento do magma do manto, criando um novo assoalho submarino à medida que os continentes africano e sul-americano se afastaram.
A Deriva Continental e a expansão do fundo oceânico levaram à criação de uma nova teoria para explicar a movimentação dos continentes: a teoria da Tectônica de Placas.
Teoria da Tectônica de Placas
Segundo essa teoria, a litosfera apresenta grandes e profundas fendas e está dividida em grandes placas rochosas, que se deslocam lentamente em diferentes direções sobre o manto, arrastando os continentes e o fundo dos oceanos. Estas placas são chamadas de placas tectônicas ou placas litosféricas.
O movimento das placas tectônicas é bastante lento e provoca o afastamento ou a aproximação dos continentes em alguns centímetros por ano.
O choque ou o deslizamento entre as placas pode provocar a formação de cadeias de montanhas, terremotos e o vulcanismo.
As cadeias de montanhas
Grandes cadeias de montanhas, como a Cordilheira dos Andes (na América do Sul) e os Alpes (na Europa), formaram-se pelo choque de placas tectônicas convergentes, ou seja, que se deslocam em sentido contrário.
Terremotos
Os terremotos também são chamados de abalos sísmicos. Eles são resultado do movimento das placas tectônicas: ao se chocarem, rasparem ou deslizarem umas sobre as outras, provocam vibrações (ondas) que se propagam a partir do ponto da perturbação inicial, chamado epicentro do terremoto, e transportam uma grande quantidade de energia. A propagação dessas ondas pode provocar terremotos nos continentes, ef quando esse deslocamento ocorre sob os oceanos, pode provocar ondas gigantescas, chamadas tsunami.
SISMÓGRAFO
O sismógrafo é um instrumento utilizado para registrar a hora, a duração e a intensidade dos abalos sísmicos. Observe na ilustração como eíe funciona. Se a crosta terrestre é abalada por um terremoto, a mola se move e faz o peso ligado a ela oscilar, registrando no papel milimetrado as vibrações do solo.
As informações obtidas pelos sismógrafos são fontes de pesquisa para os cientistas conhecerem melhor a estrutura e a dinâmica da Terra.
Os terremotos são classificados de acordo com sua intensidade (magnitude) em uma escala. A que usamos atualmente é denominada escala Richter.
No Brasil temos terremotos?
A posição do Brasil na placa tectônica Sul-Americana não favorece a ocorrência de terremotos de alta magnitude. A localização do país é central, e não nas extremidades de uma placa. Todavia, pequenos tremores podem ocorrer como resultado de pequenas falhas causadas pelo desgaste da placa tectônica, como os que aconteceram em São Vicente, em 2008, e no Acre, em 2007. O maior terremoto já registrado no Brasil ocorreu em 1955, em Porto dos Gaúchos (MT), e atingiu 6,2 graus na escala Richter. Algumas vezes podemos sentir o reflexo de terremotos que ocorreram em outros países da América Latina, cujas ondas sísmicas (vibrações) chegam até nós, enfraquecidas.
Vulcões: bons ou maus?
Um vulcão é uma estrutura formada pela saída de magma e gases na superfície da Terra. Apresenta uma abertura, a cratera, por onde o material é expelido, e um cone formado pelo acúmulo de rochas originadas do resfriamento da lava e da deposição dos fragmentos e cinzas lançados.
As rochas formadas a partir do resfriamento da lava são chamadas rochas magmáticas ou ígneas (do latim ignis, que tem origem no fogo, a altas temperaturas). É o tipo de rocha que predomina na Terra.
As cinzas lançadas na atmosfera podem provocar alterações climáticas significativas na região e mesmo no planeta. Evidências científicas sugerem que a intensa atividade vulcânica no passado tenha provocado a extinção de inúmeras espécies de seres vivos que não conseguiram sobreviver depois das alterações climáticas.
Embora os vulcões causem destruição e medo, eles podem ser encarados como fonte de vida e prosperidade. As cinzas lançadas ao seu redor, bem como a decomposição das rochas magmáticas, favorecem a formação de um solo muito fértil para a agricultura. Por esse motivo, muitas populações acabaram se fixando em regiões próximas a vulcões.