O Populismo na América Latina
A partir da década de 1930 surgiu um fenômeno político importante na história latino-americana: o populismo. Nos governos populistas, os trabalhadores urbanos conquistaram maior participação política e as lideranças ligadas ao poder exerceram grande controle sobre a classe operária.
Populismo: origem e significado
A partir da década de 1930 muitos países latino–americanos passaram pelo processo de industrialização. Com isso acelerou-se a transição da sociedade rural para a urbana.
Nas grandes cidades, os trabalhadores tinham maior autonomia, já que estavam longe do controle exercido pelos proprietários rurais. Isso abriu oportunidade para a maior participação da população urbana nos processos eleitorais.
Visando conquistar o apoio político desses novos grupos sociais – operários fabris e classe média urbana algumas lideranças políticas passaram a apoiar as reivindicações dos trabalhadores, como o reconhecimento de direitos trabalhistas.
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Ao apoiar os operários, essas lideranças buscavam ampliar sua popularidade e estabelecer uma relação de fidelidade com os trabalhadores. Assim, estes se tornaram alvo de políticas assistencialistas governamentais.
O atendimento de qualquer reivindicação, como o direito à saúde, à educação e à assistência social, não era visto como conquista dos trabalhadores, mas como um gesto de boa vontade do líder político. A esse mecanismo de favores mútuos na política institucional denomina-se populismo.
Os governos populistas eram personalistas, ou seja, sustentavam-se na figura carismática do seu líder. Os presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros no Brasil; Lázaro Cárdenas no México e Juan Domingo Perón na Argentina são exemplos de líderes populistas.
0 México
Lázaro Cárdenas Del Rio, antes de assumir a presidência do México, participou da Revolução Mexicana (1910) como chefe de cavalaria do Exército. Recebeu a patente de general com apenas 25 anos. Em 1928 foi nomeado governador e chefe das operações militares em Michoacán, seu estado natal, que governou até 1932.
Em 1934 foi eleito presidente do México. Durante o seu mandato (1934-1940), adotou medidas para atender a algumas das reivindicações de diferentes grupos sociais e que visavam ao desenvolvimento da economia mexicana.
Entre essas medidas estava a estatização das empresas petrolíferas. Em 1938, Cárdenas expropriou as companhias até então controladas por empresas estrangeiras e criou a empresa estatal Petróleos Mexicanos (Pemex).
Ao adotar medidas como essa, Cárdenas queria fortalecer o capital nacional, reservando ao Estado um importante papel na modernização da economia. Entretanto, o governo mexicano sofreu forte pressão das grandes empresas estrangeiras. Assim, ao final do governo, ele abrandou seu discurso nacionalista e abriu a economia para receber novos investimentos de capitais estrangeiros.
A reforma agrária e a criação do PRI
Conciliando medidas nacionalistas que fortaleciam o capital interno e alguns projetos sociais, Cárdenas fortaleceu o Estado mexicano.
Ele levou adiante um programa de reforma agrária. A distribuição de terras, antiga reivindicação dos camponeses mexicanos, deflagrou diversos conflitos regionais, pois nem todos os proprietários e líderes políticos acataram a medida.
Em 1938, Cárdenas criou o Partido Revolucionário Mexicano (PRM), que em 1946 foi renomeado como Partido Revolucionário Institucional (PRI). O México foi governado pelo PRI até o ano 2000.
O caráter interventor do Estado foi o principal legado deixado por Cárdenas, e só começou a ser questionado na década de 1990.
A Argentina peronista
Em 1941, o militar Juan Domingo Perón fundou o Grupo de Oficiais Unidos (GOU), de tendência fascista. O GOU organizou, em 1943, um golpe de Estado que depôs o então presidente Ramón Castillo. Perón foi nomeado vice-presidente da República e ministro da Guerra.
Em 1945, porém, Perón foi derrubado e preso pelos militares.
O seu carisma e popularidade foram fundamentais nesse momento. O povo participou de campanhas pela sua libertação e Perón acabou sendo solto Com a industrialização e o crescimento das cidades, os trabalhadores urbanos passaram a exercer o papel de agentes políticos e a reivindicar direitos. Certos grupos
O Governo Peron
Libertado, Perón partiu para a campanha presidencial e foi eleito em 1946. Nesse período, a Argentina acumulava divisas com suas exportações. Esse superávit permitiu que Perón adotasse uma política de fortalecimento das indústrias nacionais. Assim, com o financiamento do Estado, o parque industrial argentino cresceu e garantiu mais postos de trabalho.
Perón aproximou-se dos sindicatos e introduziu políticas sociais paternalistas que beneficiavam os trabalhadores. Ao mesmo tempo que atendia às reivindicações trabalhistas, fortalecia os sindicatos que apoiavam o governo.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), uma das grandes organizações trabalhistas, aliou-se ao governo. Já os grupos que contestavam o governo – partidos de oposição, imprensa, setores conservadores e os socialistas – sofriam perseguições.
No início da década de 1950, a economia argentina desacelerou e o custo de vida se elevou. Com isso, a oposição ao regime ficou mais forte entre as Forças Armadas, a Igreja e os setores conservadores. Em 1955, o governo de Perón foi derrubado pelos militares e ele partiu para o exílio.
Em 1973, os peronistas, agrupados na Frente Justicialista de Libertação, lançaram a candidatura de Perón à presidência. Ele retornou ao país e à presidência da República, mas faleceu no ano seguinte. Sua segunda mulher, Isabelita Perón, vice de Perón, assumiu a presidência